CAPÍTULO 25
A ARMA NÃO VIOLENTA
Ao vivo na Web, Nathalie sorriu para a câmera. Relaxada, tinha escolhido roupas sóbrias, para não desviar a atenção do assunto. Era bela de um jeito calmo, sem provocação. Todos tinham decidido respeitar uma “ética” de apresentação pessoal que iria acentuar o valor e a gravidade das ideias que defendiam.
O palco do estúdio de televisão de Nathalie estava completo. Apresentou seus convidados.
“Keiko Chang, a autora do romance Nunca mais, que imaginou a arma não violenta, Rajiv Sidhu, o ator símbolo da não-violência que recentemente interpretou o papel de Gandhi no cinema, Stanislas Stepanchine, o Prêmio Nobel cujas pesquisas sobre os campos magnéticos abrem perspectivas científicas surpreendentes, Boubakar Diallo, o bilionário conhecido pelas suas famosas intuições que é candidato nas próximas eleições à Presidência da Organização dos Trustes Unidos, Massimo Wiggins, o General em Chefe do Exército Americano, responsável pela última ação militar na Indonésia, Tran Van Tai, o Presidente Vietnamita conhecido pelas suas tomadas de posições estratégicas anti-americanas, Kirstin Bjorling, a famosa biologista, que represente igualmente o movimento Ciência Democrata Universal, e Marcia Garcia, a soprano brasileira cujo engajamento pela Paz nunca desarmou-se…”
Após longas reflexões, e na injunção de Rajiv, tinham decidido convidar os cosmistas, e falar diretamente com eles. Massimoclara Wiggins, Tran Van Tai Trong Han e Jussikirstin Bjorling ignoravam que os cinco humanos biológicos presentes conheciam sua verdadeira natureza.
Manuelmaria tinha obrigado elelas a participar deste debate, durante uma discussão memorável no parlamento bioart onde elela os tinha colocados a frente da evidência : se elelas não fossem para este debate, para discutir com os humanos biológicos que queriam entrar na suas perspectivas e resolver seu problema de agressividade mortal, elelas iriam fazer a prova de sua prática ditatorial do poder, que não admitia nenhuma discussão, e que só buscava o poder para ele mesmo, em lugar das soluções para os problemas.
Elela os havia até acusado de querer criar artificialmente novos conflitos entre os humanos biológicos para justificar sua próxima tomada de poder no parlamento bioart, desprezando as vidas humanas e o sangue derramado. Ademais, observava-se que o último conflito no Oriente Médio tinha brutalmente explodido, apesar de a paz ter reinado por anos, e de nenhum elemento novo ter chegado para justificar esta violência… Ninguém entendia o que realmente a tinha provocado…
Chocados pelas insinuações, osas cosmistas quiseram abrir uma ação em difamação, que parou imediatamente quando Manuelmaria lembrou quem era o autor do massacre atroz de milhões de Canadenses inocentes, cinco anos atrás… Massimoclara Wiggins, oa cosmista que ainda não tinha sido julgado/a por seus atos, manteu um perfil baixo, e todas as discussões pararam.
Massimoclara Wiggins, Tran Van Tai Trong Han, Jussikirstin Bjorling e Manuelmaria Garcia participariam deste debate, que todos os bioarts poderiam seguir, e enfim ia-se julgar se havia uma esperança de poder viver em paz com os humanos biológicos, continuando seguir o programa Cosmos…
”Keiko Chang, obrigada por estar conosco esta noite.. Você é a autora do romance Nunca mais, que acabou de sair na China. Já traduzido em todas as línguas do planeta, seu livro é uma sensação no mundo político, econômico e científico. Seu herói, um jovem cientista louco de paixão, que tenta seduzir uma atriz famosa que não gosta dele, descobre que pode atuar no desejo dela, manipulando campos magnéticos dirigidos até o cérebro dela. Estes campos magnéticos provocam a produção do hormônio do desejo, a luliberine… Consegue seduzi-la, mas queria ser amado por ele mesmo, sem a intervenção de seus campos magnéticos”, sorriu Natahalie…
Todo palco riu francamente. A alusão à própria história de Nathalie com Stépanchine, de quem tinha denunciado a manipulação amorosa neste artigo famoso, Os hábitos insólitos do gênio… que tinha feito sua notoriedade, era límpida…
“Então, seu herói acaba por revelar a sua manipulação para ela. Esta atriz, profundamente engajada pela paz, obcecada pela paz, um pouco como Maria Garcia aqui presente…”
A câmera mexeu-se até Maria Garcia, uma sumptuosa morena de cabelo longo e cacheado, que sorria divertindo-se. Hipnotizado, Stépanchine a devorava com os olhos. Na plateia, os jornalistas de revistas populares tomavam notas: após a jornalista, a cantora… Maria Garcia e Stanislas Stepanchine, o casal de sonho, verificar a informação… A câmera voltou para Nathalie, que tomou uma expressão grave.
“Esta atriz se dá conta, uma vez a raiva passada, que esta experiência poderia ser aplicada para provocar a agressividade, pela atuação sobre uma substância química que gera violência e agressividade, a noradrenalina. Perdoa sua manipulação ao jovem cientista, e juntos inventam o conceito da “arma não violenta”. Atuando por satélite, os campos magnéticos bem direcionados poderiam assim neutralizar a agressividade assassina de multidões de humanos… E impedir os massacres de massa, sem matar ninguém… Seus heróis levam depois a “arma não violenta” para o mundo, como uma “boa notícia” tecnológica, que liberará a humanidade da violência…”
Um silêncio total saudou suas palavras. Todo palco, os cameramen e os técnicos escutavam religiosamente. Como se o só fato de pronunciar estas palavras já fosse o início da existência desta possibilidade na qual jamais se tinha ousado sonhar seriamente: o controle da violência humana… Um dos maiores desafios de todos os tempos…
Massimoclara Wiggins, Tran Van Tai Trong Han e Jussikirstin Bjorling apresentaram faces consternadas. Olhavam para Keiko com piedade, Nathalie com condescendência, tendo no olhar uma luz que já os acusava de quererem se beneficiar de uma ilusória « boa notícia » que serviria somente a seus próprios interesses: audiência e fortuna pessoal, em detrimento dos infelizes crédulos demais que iriam ler Nunca mais e assistir esta netemissão… Voltando-se para si, o chefe operador mostrou o plano que reunia os três cosmistas, cuja expressão aborrecida e mesmo muito crítica gritava a hostilidade. Nathalie continuou sem ficar perturbada.
“Keiko Chang, é a companheira de Rajiv Sidhu há alguns meses. Foi ele o inspirador desta ideia magnífica, a arma não violenta, pela sua atuação no papel de Gandhi no seu último filme ?”
Keiko sorriu.
“Sim, com certeza. E devo também muito ao seu artigo Os hábitos insólitos do gênio…!”
Todo palco gargalhou-se. Envergonhado, Stepanchine tomou um ar contrito.
“Estava fascinada por esta história extraordinária, um cientista apaixonado que usava sua invenção para seduzir a quem amava… Pouco depois, me propus a escrever o roteiro da vida de Stanislas Stepanchine, e tive a ideia de explorar seus campos magnéticos, ouvindo-o falar de uma descoberta que tinha feito. As EBF, as ondas eletromagnéticas de Extremamente Baixa Frequência, podiam atuar à distância sobre a luliberine, esta substância química produzida pelo cérebro, que provoca o desejo ao se expandir no hipotálamo. Pouco depois, no momento que escutava a maravilhosa interpretação de Maria Garcia no seu Canto da Paz, brutalmente fiz o link. Se podia-se atuar na luliberine, então muito provavelmente podia-se atuar sobre a noradrenalina, que produz a agressividade…”
Nathalie voltou-se para Stepanchine.
“Stanislas Stepanchine, é Prêmio Nobel de Física, e é também um dos melhores especialistas no mundo dos campos magnéticos. O que acha da ideia de Keiko Chang ? É uma pura visão da mente, uma invenção de escritora que seria cientificamente irrealizável, ou parece imaginável para você ? A arma não violenta é possível ?”
Stepanchine tomou sua respiração. Seu poder de convicção neste instante preciso iria ser decisivo, o sabia. A sobrevivência da humanidade dependia provavelmente dele. Seus cabelos louros pegavam a luz, sem excesso. O plano da câmera tinha sido cuidadosamente estudado para que a intensidade de seu olhar azul estivesse no centro da atenção, enquanto a sua esplêndida voz falada era gravada pelos melhores microfones. Todo seu poder de carisma deveria estar no seu máximo. Tinha se preparado durante semanas para este momento, com Manuelmaria e Nathalie, que tentaram prever todos os argumentos que poderiam ser opostos a ele, enquanto Rajiv dava conselhos de ator…
Stepanchine relaxou-se, muito concentrado. Não pensava mais em nada, em nada mais do que iria falar, plenamente convencido dos seus resultados científicos. Todo o palco esperava.
“Então…! Sim. Esta hipótese me parece realizável.”
Um tremor percorreu os convidados. Aqui estava. A palavra era liberada. Agora tudo podia acontecer. Stepanchine sorriu, feliz de anunciar esta incrível notícia.
“Em primeiro lugar, eu efetivamente consegui atuar sobre a produção de luliberine no cérebro. Direcionando as EBF, as Extremamente Baixas Frequências, sobre cérebros de ratos. Constatei, ajustando estes campos magnéticos nas frequências corretas, que a produção de luliberine podia ser ativada e gerar um desejo sexual imediato, ou ser desativada impedindo qualquer desejo. Apesar de todas as estimulações sexuais usualmente usadas para gerar os atos sexuais, e podem acreditar em mim, nunca falham no seu efeito, quando as EBF atuavam, nenhuma pulsão sexual manifestava-se mais…”
Metade do palco sorria, a outra metade tinha tomado uma expressão cheia de piedade. Como um cientista deste nível podia se perder assim, com histórias de ratos no cio que dariam vergonha para uma criança de três anos, pareciam pensar Massimo Wiggins, Tran Van Tai e Kirstin Bjorling, o rosto marcado de severidade, e querer fazer acreditar a humanidade que estes divertimentos de cientista depravado poderiam ter uma relação qualquer com um ser humano ?
– Então, respondo sua questão. Sim, é possível controlar a produção de luliberine de um indivíduo, desde o exterior de seu corpo, com EBF. E tudo deixa pensar que o mesmo procedimento permite atuar sobre a noradrenalina.
– Mas trata-se aqui de ratos, interpõe-se Kristin Björling, sabe pertinentemente que as ondas magnéticas do cérebro humano não são nada comparável com estas dos ratos. Como pode concluir com tanta pressa que este efeito seria aplicável sobre indivíduos humanos ?”
Atacou.
“Realizou experiências em massa em cobaias humanas que poderiam ter demostrado sua teoria ? Submeteu vários milhares de seres humanos para seus EBF, sabendo que estas EBF poderiam causar efeitos secundários graves, e criar lesões celulares irreversíveis ? E se o fez, desprezando todos as leis elementares de precaução nas pesquisas envolvendo seres humanos, o que aconteceu com todas estas cobaias ? Em qual estado de saúde elas se encontram nesta hora, após suas experiências irresponsáveis ?
Tinham previsto esta objeção desde muito tempo. Stepanchine sorriu.
“Com certeza não pratiquei estas experiências em massa que expõe…”
Tinham pegado ele. Massimo Wiggins e Tran Van Tai se olharam. Evidentemente era impossível, parar a agressividade humana só podia ser uma ideia de artista, fora de qualquer realidade…
“Então como ousa falar que as EBF podem atuar no cérebro humano manipulando suas pulsões sexuais, desde que seus resultados aplicam-se somente aos ratos ?”
Kirstin Björling parecia indignada. Como é que um cientista, ainda mais Prêmio Nobel de Física, podia se deixar levar a tal manipulação midiática, brincando vergonhosamente com as esperanças de bilhões de seres humanos, somente para recolher dinheiro e aumentar a sua própria celebridade ? O gosto imoderado pelas riquezas, para se oferecer mulheres (eram conhecidos seus « hábitos insólitos »…) o gosto do luxo, para prosseguir pesquisas perigosas e sem fundamento…
“Ouso falá-lo porque experimentei estas EBF sobre vários seres humanos.”
Stepanchine, muito calma, olhou para a câmera, direto nos olhos do público.
“Experimentei estas EBF sobre eu mesmo, para começar. Os resultados foram perfeitamente conclusivos. Meu nível de luliberine era função da ação das EBF direcionadas à meu cérebro. Minha assistente Dolores Hernandez, que foi uma ajuda preciosa durante estas pesquisas, conseguiu estabelecer os resultados com uma deontologia científica que eu quis incontestável. Estes resultados serão publicados em breve na revista Ciência e Humanidade.”
Massimo Wiggins e Tran Van Tai engoliram sua saliva com dificuldade. Como era possível que elelas nunca tivessem tido conhecimento destas experiências, sabendo que tinham estudado todas as gravações em vídeos e áudios das atividades de Stepanchine desde dois anos ? Poderia ter feito estas experiências antes ? Como pude manter o sigilo ?
Louco de raiva, Massimoclara Wiggins, oa militar cosmista, entendeu brutalmente. Tinha traidores dentro dos bioarts. E estes traidores eram dirigidos por Manuelmaria Garcia, que tinha escondido todas as gravações destas experiências. A situação era muito grave. Elela foi condenado a morte neste segundo, Mássimoclara o decidiu imediatamente.
“Estes resultados o concernam, vamos admitir isso, mas como ousa os generalizar ao conjunto dos humanos, desde que seu cérebro é com certeza muito especial, um cérebro de Prêmio Nobel ! exclamou-se Kirstin Björling, com tom acusador.
– Porque experimentei os sobre outros humanos, cinco no todo, e que em todos os casos as EBF funcionaram, com o mesmo resultado.
– Mas quem são estes famosos seres humanos, interveio Massimo Wiggins com ironia. Pode-se ver eles, podemos constatar o seu estado de saúde após suas experiências de aprendiz de feticeiro no seus cérebros ? E o que vai acontecer se os efeitos secundários só se manifestam após vários anos ?”
Boubakar voltou-se para Massimoclara Wiggins. A lembrança dos milhões de mortes que sua manobra canadense tinha gerado continuava a revoltá-lo. Contem sua raiva.
“Eu mesmo sou um exemplo disso.”
Um silêncio total invadiu a plateia.
“Pediu para Stepanchine praticar sua experiência sobre mim. Queria ser eu mesmo o primeiro concernido por estas pesquisas e seus resultados.”
Boubakar sorria, muito seguro de si. Estava pronto. Seu gosto pelo poder, que tentava usar pelo “bem”, chegava ao máximo de suas possibilidades. Iria ser o Presidente da OTU, e iria conduzir este planeta até o controle da agressividade. Em nome de seus irmãos humanos, ele o tinha jurado.
“No momento que Stepanchine me falou desta possibilidade, quando nós encontramos em Kiev há dois anos, fiquei fascinado pela descoberta. Depois Keiko Chang teve esta ideia, que podia ser válido para a agressividade… Imediatamente fui ver Stepanchine. Foi lá que tomei esta decisão. Não se pode deixar passar tal chance para a humanidade! E como podem ver – Boubakar levantou-se e virou sobre ele mesmo, deixando admirar seu corpo musculado – estou em plena forma ! Disponho mesmo de todas minhas faculdades mentais !”
Nathalie olhou de outro lado. Este magnetismo mexia com ela.
“Mas você também, é um caso excepcional… interveio Tran Van Tai, com voz perigosamente doce. Suas intuições deixaram você famoso no planeta todo, fez fortuna, é um self made man, um caso único dentro dos humanos, não é de jeito nenhum um caso geral. Vangloriava ele, fazendo encher seu ego para controlá-lo melhor. Tomou um risco enorme, um cérebro como o seu nunca deveria se expor assim… Ficaríamos tristes de perder você, este planeta precisa de você…”
Tran Van Tai usava a fibra paternal. Ele o sabia, Boubalar tinha pouco conhecido seu pai. Seria então particularmente sensível a afeição de homem mais idoso que ele, que daria conselhos querendo o proteger, e ao mesmo tempo conduzindo ele até o poder. Manuelmaria tem razão, pensou Tran Van Tai. Este humano biológico é perigoso. Precisa absolutamente controlá-lo se tomar o poder.
“Não desviemos do problema para questões pessoais, se vocês permitirem, falou Nathalie com um sorriso de cortesia.”
Tinha perfeitamente identificada a estratégia de Tran Van Tai. Não tinha como deixá-lo tentar suas manobras sobre Boubakar, e desviar a conversa do problema…
“Devo fazer uma confissão para os netespectadores.”
Olhou diretamente para a câmera, com ar brincalhão.
“Eu mesmo o experimentei… Meu profissionalismo de jornalista de investigação me obrigou a isso. Não pude me impedi-lo… Nunca teria tomado o risco de realizar esta emissão, com um assunto desse, sem ter verificado por mim mesmo que funcionava… E pois… Tem que notar que a experiência não é de jeito nenhum desagradável…
– É absolutamente verdade ! interveio Rajiv rindo. Resplendia de toda sua presença de ator, com este sorriso e este olhar que geravam geralmente a histeria das espectadoras… e mesmo dos espectadores… Keiko e eu fomos submetidos a estas experiências, e os resultados… (a voz dele insinuou os sonhos os mais eróticos)… foram a altura de todas as esperanças…”
Os jornalistas “people” escreviam: “O charme e a beleza legendária de Rajiv Sidhu foram no máximo durante esta emissão, com um erotismo novo que não lhe conhecíamos. No instante preciso onde evocou a felicidades de suas experiências com Keiko Chang sobre a luliberine, deu para ver facilmente o desejo de todas as mulheres e os homens presentes aumentar, como se já o só fato que Rajiv Sidhu o falasse, fazia subir o nível de luliberine de todos os netespectadores !”
Maria Garcia gargalhou-se.
“Eu também queria fazê-la, pediu para Stepanchine com rosto brincalhão, por favor, não me recuse isso !…”
Stepanchine proibiu-se imaginar esta eventualidade. Tran Van tai Trong Han, Massimoclara Wiggins e Jussikirstin Bjorling deram-se uma olhada sombria. Era uma armadilha. Manuelmaria era complice deles. Elela mentia, porque jamais os chips informáticos implantados no seu cérebro poderiam subir as EBF sem serem descobertos. Era excluído que qualquer bioart possa se submeter a esta experiência. Isso estava certo.
Tran Van tai retomou o controle da situação.
“Se entendo bem é uma armadilha, falou ele sorridente. Todos os convidados deste palco foram aparentemente submetidos a estas experiências, exceto Maria Garcia e eu…
– Não, não, eu também não, afirmaram juntos Massimo Wiggins e Kirstin Björling.
– Mas mais uma vez, seus resultados, que não vou o fazer a ofensa de colocar em dúvida… falou Tran Van Tai com tom de voz que ao contrário, sobe entendia que colocava eles em dúvida, estes resultados foram excelentes sobre você mesmo, Keiko Chang, Rajiv Sidhu, Boubakar Diallo et Nathalie Richard. Todos seres mundialmente conhecidos, cujos sucessos são excepcionais…”
Sua voz se fez adocicada, e pesou cada palavra.
“Como podem afirmar que estes resultados poderiam ser válidos para outros humanos menos… hum… favorecidos pela natureza ?
– Eu não me acho uma « super mulher » que teria particularidades sobre humanas ! exclamou-se Keiko. Se entendi bem – virou-se até Kirstin Björling – e me dirijo para a biologista, todos os cérebros humanos, e mesmo os cérebros de animais, funcionam neste princípio : certas substâncias químicas são produzidas por certas glândulas, em resposta a estímulos exteriores, A ordem de produção é dado pelo cérebro. E o modo de ação do cérebro para dar a ordem á glândula concernida, este modo de ação é sempre o mesmo, em qualquer cérebro, não é ?
– Sim, apoiou-a Stepanchine. A produção de hormônios como a luliberine ou de neurotransmissores como a noradrenaline é ligada ao efeito do influxo, que é um sinal do sistema nervoso, um sinal de natureza elétrica… Este sinal elétrico libera um « mensageiro químico » que vai atuar sobre as propriedades elétricas das células que o cercam, e transformar-se depois num novo sinal elétrico… É assim que são ativadas as glândulas ou as células que vão produzir estas substâncias químicas. Ora esta organização é válida para todos os cérebros, não é ?”
Kirstin Björling parecia abatida. Impossível negar. Tinha que atacar diferentemente.
“ Sim… Mesmo se tem diferenças individuais… O princípio é o mesmo… Mas não se pode generalizar a partir de cinco casos. E como pode pretender que os efeitos secundários não vão aparecer daqui a alguns anos ?… Prenderam todos estes riscos pessoais inconsequentes – parecia sinceramente inquieta por eles – generalizar tais experiências necessitaria de qualquer forma uma boa vintena de anos, por precaução medical…”
Boubakar ficou agitado. E o que mais ! A gente não iria perder um tempo precioso nas pesquisas somente porque estes bioarts queriam a qualquer preço conservar o seu poder, para depois roubar suas invenções aos humanos biológicos e explorá-las para sua conta própria, sem jamais lhes dar nada em intercambio, como sempre ! E talvez mesmo matar eles depois, para fazer calar eles definitivamente…
“ Falei disso com vários médicos, diz ele com uma calma calorosa quase “medical” que se impôs a todos. Estas ondas não comportam mais riscos para a saúde que as ondas telefônicas, a poluição do ar, o álcool ou a comida industrial… E quais precauções foram observadas para evitar seus efeitos secundários, que são de evidência muito mais graves? Sabendo que no caso que falamos, se a gente inventasse uma arma não violenta, iria somente salvar vidas, vidas que sem ela seriam definitivamente condenadas… Trata-se de deixar viver pessoas que, com todas as outras armas, já seriam mortos… Será que, entre uma morte certa, e a possibilidade de eventuais efeitos secundários daqui a alguns anos, a sua escolha não é imediata ?”
Seu tom de voz se fez irônico, como se suspeitasse Kirstin Björling de manter pulsões matadoras gratuitas…
“ Sim, evidentemente…” respondeu hesitando, abalada.
Tran Van Tai e Massimo Wiggins palidiram. Elela se deixava convencer ? Reprender imediatamente o controle da situação, pensou Tran Van Tai.
“ Mas… Não se trata de noradrenaline ? Trata-se mesmo de luliberine ? Porque, se entendi bem, vocês ainda não fizeram suas experiências com noradrenaline ? É bem o caso, não é ?”
Stepanchine ficou perturbado.
-“Sim as experiências estão em andamento …
– É bem isso, triunfou Tran Van Tai, aliviado. Então estamos falando disso no vazio ?”
Tran Van Tai tomou uma expressão severa.
“ Deveríamos voltar somente quando terão realizado suas experiências… Se ainda conseguem ! Não vejo nenhum interesse em continuar esta conversa no vazio. “
Retomou-se. Tinha que não dar a impressão ao público que não gostava de artistas… Condenar Stepanchine, Boubakar e Nathalie. Os outros eram só simpáticos incompetentes, que falavam do que não era de sua competência.
‘Este debate repousa sobre uma ideia… charmante, sorriu ele tornando-se até Keiko, mas que até agora não tem nenhuma realidade que justifique esta emissão.
– Exato, acrescentou Massimo Wiggins. Não acreditem que, porque sou militar, seria obrigatoriamente oposto a uma arma deste tipo. Ao contrário, meu objetivo é de proteger as populações, vocês o sabem. Mas entenderão bem que não posso deixar a segurança de meu país para participar de um debate tão incerto e tão pouco sério, mesmo por galanteio.”
Fez-se acusador, com gravidade solene.
“Enquanto estamos falando, outras nações estão preparando armas muito mais perigosas, que arriscariam, se a gente os deixava fazer, ou se estivéssemos atrasados, colocar nós muito gravemente em perigo. E mesmo o Sr Presidente Tran Van Tai, que é geralmente inimigo dos Estados Unidos, concordará comigo.
– Absolutamente, General Wiggins. Fico surpreso, Nathalie Richard, que quisesse nós reunir com tanta pressa, você cujo rigor profissional é tão conhecido ? Lamento ter que falar, mas me parece que deveria ter pensado nisso antes de nós convidar, o General Wiggins ou mim mesmo…”
Tran Van Tai argumentou com mais força.
“Nossas competências científicas são limitadas. Em nenhum caso poderíamos debater de uma teoria que não tivesse nenhuma aplicação científica !… Você quis fazer bem, numa esperança idealista que a honra, com certeza, mas você tomou lá uma iniciativa um pouquinho inconsequente…”
Agora, iria matar sua emissão para sempre. Não havia risco que recomeçasse. E todos os jornalistas poderiam meditar o exemplo dela.
“ Será, por acaso, que a ação destas EBF no seu cérebro a deixaram menos rigorosa nas suas escolhas ? Talvez estivesse você mesma pessoalmente influenciada por um ou outro dos protagonistas ? … Stanislas Stepanchine, por exemplo ? ironizou elela, fazendo alusão a sua relação com Stepanchine, que tinha abalado as crônicas. Será que perdeu qualquer objetividade ? E qualquer metodologia nas suas investigações?”
Elelas tinham ganhado tempo. Depois disso, daria tempo para ver como impedir estas experiências ou sabotá-las na sua base. Era loucura acreditar que isso podia conseguir, desde que durante milhares de anos a gente nunca tinha achado solução para a violência. E durante este tempo estes humanos biológicos construíam com certeza armas que iriam destruir eles todos, bioarts e humanos biológicos juntos. Devia coloca-los fora de possibilidade de prejuízo, e definitivamente. Não se devia deixar acreditar por qualquer um neste planeta que uma ideia dessa podia ser outra coisa que um hoax come-grana, organizado por escritores, cientistas, homens-mulheres de business e artistas sem escrúpulos, sedentes de dinheiro.
Tran Van Tai virou-se para Jussi-Kirstin Bjorling, soprando para elela o que devia dizer.
“Kirstin Björling, é bem o que você acha, não é ? Estamos falando de uma tecnologia que não existe, inventada inteiramente por uma escritora certamente charmante, mas falamos também de uma ideia cujas perspectivas seriam muito lucrativas para seus autores ?”
Jussi-Kirstin Björling acordou-se.
“ Sim, é bem claro. Não tem nenhuma prova científica desta tecnologia no momento, e fico surpresa, Stanislas Stepanchine, que pudesse participar de uma piada dessa … Tentar nos fazer acreditar que possui uma tecnologia que não existe, estou me perguntando qual objetivo pode ter para tentar isso, além do fato que trata os netespectadores como idiotas ?”
Bem ! pensou Tran Van Tai, Jussikirstin retoma-se. Elela acenou o golpe final.
“Não ouso pensar nas quantidades fantásticas de dinheiro que pensam talvez ganhar ao espalhar uma notícia dessas. E pensar que um homem como Boubakar Diallo, que se apresente para a cabeça da OTU, poderia participar deste jogo odioso, usando sua fortuna pessoal… Tudo isso é vergonhoso ! … Finalmente eu fico anti-americano, caro Mássimo Wiggins, e tudo que vejo todo dia me convence um pouco mais : seus métodos comerciais sem escrúpulos são desonestos, e devem ser combatidos por todos os meios… inclusive pela guerra, se precisar.”
Ilela fez uma pausa dramática, com expressão extremamente grave, medindo seus efeitos.
“Estou falando para vocês, Stanislas Stépanchine, Boubakar Diallo, Nathalie Richard, Keiko Chang, Rajiv Sidhu, Maria Garcia. Em nome da humanidade, eu peço a vocês, sejam seres responsáveis, sejam conscientes das catástrofes que vão provocar…. Não trabalhem para suas pequenas fortunas pessoais, no detrimento das populações que colocam em perigo, enganando as vergonhosamente…Um pouco de ética, Senhoras e Senhores !… Em lugar de trabalhar para a paz, suas atividades irresponsáveis provocarão novas guerras, será seu único resultado verificável… Verificado de imediato, pelo que me concerna ! E será minha conclusão”, terminou o Presidente Tran Van Tai, com uma autoridade e severidade « paternais » toda poderosa.
O horror invadiu Manuelmaria. Os cosmistas não podiam ganhar, era impossível. A gente não podia os deixar fazer. Tinha que mostrar o argumento choque. Agora.
CAPÍTULO 26
O FUTURO
“Mas, caro Senhor Tran Van Tai, falou Maria Garcia com o legendário sotaque brasileiro que deixava louco todo planeta, não é a questão… A questão não é de jeito nenhum de saber se esta tecnologia funciona ou não.
– Realmente ? E qual é esta questão, então !…”
Massimo Wiggins regozijava-se, esquecendo quem era Manuelmaria. Estes humanos biológicos eram realmente estúpidos demais !
“A questão é de saber se devemos orientar as pesquisas militares para conceber armas não violentas, armas que neutralizam sem matar… Para conceber armas que impedirão os massacres de massa…
– Mas é impossível, é uma perspectiva irreal, uma visão de cantora, sem nenhuma realidade!” exclamou-se Massimo Wiggins.
Maria Garcia retomou calmamente, pesando suas palavras.
“A questão é de saber se a gente pode neutralizar as populações perigosas sem matá-las… Porque finalmente, no pior caso, mesmo se esta tecnologia das ELF [extremely Low Frequencies] não funcionasse, poderia-se ainda pensar em produzir bombas químicas que neutralizassem a agressividade, impedindo a produção de noradrenalina no cérebro… Em lugar de construir bombas químicas que só sabem matar… Ou outro procedimento, qualquer um, que tivesse o mesmo efeito… que neutralizasse a agressividade de algumas populações, sem matar as pessoas inocentes… Sem matar crianças que nunca fizeram nada errado, e que não pediram para morrer…”
Manuelmaria parou, tomando uma respiração decisiva. Todas as câmeras estavam focadas nela.
“Poderia-se perfeitamente usar outro procedimento… Porque, o que é importante hoje, não é verificar a descoberta de Stanislas Stepanchine…”
Elela respirou, destacando cada palavra.
“O que é verdadeiramente importante hoje, é que conhecemos o processo químico e elétrico da impulsão agressiva no cérebro humano…”
Manuelmaria interrompeu-se de novo, pedagogicamente, para fazer entrar definitivamente a ideia nas cabeças dos netespectadores.
“E desde que conhecemos este mecanismo e seu funcionamento no cérebro, desde então muito poucos anos, todos os caminhos estão abertos para inventar novas armas que utilizarão este conhecimento novo… Pela primeira vez na história da humanidade… O que é importante, é que hoje, a gente pode imaginar seriamente fazer a guerra sem matar…”
Maria Garcia olhou diretamente para a câmera, gravemente.
“E quem iria querer ainda, sabendo que a gente tem outra escolha, matar seres inocentes ?”
Ela se virou ostensivamente até Mássimo Wiggins e Tran Van Tai.
“Quais seres sanguinários, quais assassinos cedentes de sangue poderiam ainda querer matar por matar ?… Se a gente pode ter segurança e se proteger das agressões por outros meios ? Tenho certeza que a maioria dos militares concordará com este princípio. Somente pessoas desequilibradas, com pulsões assassinas, pessoas perigosas para a população, verdadeiros psicopatas, poderiam apoiar outra atitude…
Cada palavra caia como uma acusação terrível, olhando para eles. Maria Garcia voltou-se para a câmera.
“Por isso peço a todos os netespectadores, atuar conosco. Peçamos aos nossos governos orientar as pesquisas militares em vista de produzir armas não violentas. Não suportemos mais que se mate em nosso nome, para proteger nossos interesses, quando podemos atuar diferentemente. Exigimos nossa segurança. Sejamos os missionários desta arma, que nos protegerá sem matar. Façamos progredir a humanidade num passo decisivo que prolongará nossas vidas a todos. Não permitamos nunca mais estes massacres de humanos que mesmo os animais não praticam. Sejamos cidadãos respeitáveis de nosso planeta. Protejamos uns aos outros.”
Stepanchine a contemplava, tresloucado de admiração. Rajiv Sidhu tomou a palavra.
“Jamais poderei me perdoar se tiver uma criança morta a mais, porque terei hesitado um segundo demais para pedir estas pesquisas. Estamos à frente de uma das maiores esperanças que a Terra jamais levantou. Está ao nosso alcance. Demos-nós os meios de conseguir. Nossos impostos e nosso dinheiro não podem ter uso melhor. E todos os benefícios de meu último filme, Gandhi, irão para estas pesquisas.
– Todos os benefícios de meu romance “Nunca mais isso” irão igualmente para estas pesquisas”, apoiou Keiko Chang, com uma voz doce.
Boubakar acomodou-se na poltrona, consciente de suas responsabilidades. Ele ia tomar o poder e ganhar as eleições da OTU [Organização dos Trusts Unidos], agora, a frente das câmeras.
“Eu mesmo investi uma grande parte de minha fortuna nestas pesquisas. Estou perfeitamente ciente que aplicações desonestas poderiam ser inventadas, e por uma vez, não seria as militares que teria que condenar, mas sim, as aplicações comerciais !!!…
Sorriu, feliz de continuar.
“Estes que querem usar estas pesquisas para vender seus produtos, estimulando os cérebros dos compradores, deverão ser severamente controlados. Tem um enorme trabalho para frente, para evitar as derrapagens. Um trabalho político, jurídico, científico e mesmo militar, para dividir as responsabilidades e as decisões de utilização desta arma. E não acreditem que pode se parar este movimento. Já começou. Se por má sorte, os políticos e os militares recusassem continuar estas pesquisas, outros iriam fazê-las. Podem ter certeza, na hora que estou falando, que homens e mulheres empresários já estão o fazendo, em algum lugar deste planeta ! E lá, ninguém pode garantir o uso que farão disso, sem controle. Por isso é urgente atuar oficialmente, em nome das populações. E é a política que quero propor para a OTU, nas próximas eleições.
– Você quer dizer que neste momento exato, tenha talvez um grupo de pessoas, no planeta, que está finalizando uma técnica de controle dos cérebros ?”
Nathalie parecia horrorizada.
“Com certeza ! exclamou-se Boubakar, Stepanchine já o conseguiu com você mesma, e era sozinho ! Já tem a capacidade de deixar você louca por ele com suas ELF. É “onde ele quer, quando ele quer”…”
Nathalie lançou um olhar sombrio para Stepanchine, como se tivesse “estuprado” ela. Tinha estimulado artificialmente seu desejo. Nunca iria perdoar ele. A câmera fez um close-up no rosto dele. Stepanchine tomou um aspecto muito dominador e seguro de se.
Tinham longamente discutido antecipadamente deste momento da emissão. Stanislas deveria fazer cara de envergonhado, o que acentuaria a impressão de “trapacear”, forçando as pessoas a aceitar seus desejos ? Mostrando o “mal” moral que representava ? Nathalie tinha feito observar que o perigo iria aparecer com muito mais nitidez se Stépanchine tivesse cara de quem já é o mestre do mundo… Este a quem nada podia resistir, podendo fazer o que quiser dos desejos dos outros, sem os consultar. E com certeza, era a primeira concernida pelos métodos de Stepanchine !
Apesar da resistência dele que não queria ter eternamente o papel do vilão para os olhos do público, tinha acabado por entender que era de seu próprio interesse. Mostrar paralelamente que podia-se usar a sua tecnologia para o bem geral, e fazer ele mesmo este gesto, o deixaria muito popular… “Serás um benfeitor da humanidade, prediz Keiko para ele, virará completamente a tua imagem, sendo muito poderoso e muito generoso no mesmo momento, para nosso futuro a todos…”
Boubakar retomou, implacável.
“Veja bem todo dia que os remédios antidepressivos e tranquilizantes atuam com muita eficiência sobre nossos humores… Um afrodisíaco, por exemplo, é um meio químico, com absorção de líquido, para fazer a mesma coisa que Stepanchine fez com seus ELF : atuar sobre o desejo, por força, desde o exterior da pessoa. O que muda com a sua tecnologia, é que pode- se pensar em aplicá-la em massa, sobre milhões de pessoas, e a distância… E lá, o primeiro que achou é o vencedor ! Ele é o mestre do mundo ! Então podem ter certeza absoluta que tem muitas pessoas trabalhando com estas pesquisas, nesta hora mesmo…”
Toda a assistência ficou petrificada. Esta demonstração era imparável. Os rostos de Massimoclara Wiggins, Tran Van Tai Trong Han e Jussi-Kirstin Bjorling o mostravam claramente. As implicações pelos bioarts os faziam tremer… Estes humanos biológicos os controlavam talvez já, sem eles saber ! E estava anunciando isso, a frente de milhões de netespectadores, com uma inocência e uma ingenuidade incrível, que nada parecia poder parar… E como os impedir de fazê-lo ? Tomar o controle das pesquisas deles, agora que todo mundo o sabia ? Como forçar eles a livrar seus segredos ? Torturar Stepanchine poderia danificar o cérebro dele, e além, pior, Boukakar estava correto… COM CERTEZA OUTROS ESTAVAM FAZENDO ESTAS PESQUISAS NESTE MOMENTO MESMO, num lugar desconhecido, em segredo, e não se podia parar todos estes pesquisadores…
Massimo Wiggins e Tran Van Tai se olharam. No mesmo instante, tinham entendido… A opção proposta por Boubakar… era provavelmente a única possível… A única que podia permitir dominar os excessos de humanos biológicos muito perigosos que faziam atualmente estas pesquisas. A única opção inteligente que poderia realmente proteger os bioarts. Fazendo todos juntos estas pesquisas, daria para finalizar esta tecnologia, antes dos grupos incontroláveis, ou, no pior caso, daria como ter os meios para prever as defesas, contravenenos, armas defensivas… Boukakar estava certo, era implacável.
Viraram-se para ele com grande atenção, de repente prontos para ouvir ele até o final. Um respeito novo se lia nos olhares deles. Um início de compreensão que mostrava para eles que os humanos biológicos não eram inimigos dos bioarts…
“Mas como pretendem desenvolver isto? perguntou Massimo Wiggins com inquietude. Realizam bem que vão mexer com toda uma organização mundial que arrisca achar-se numa grande desordem, com suas tecnologias… E esta organização com certeza não vai se deixar arruinar facilmente, nem perder seu poder com gentileza, muito menos ainda para oferecê-lo para vocês, apesar de todas as suas demonstrações. É uma verdadeira revolução, o que propõem, e vocês não tem nenhuma experiência política, vocês nunca exerceram o poder com todos os seus mecanismos, sobre milhões de pessoas, vocês não sabem ao que se expõem, nem realmente qual mundo vocês querem construir…
– Já elegemos até simples atores Presidente dos Estados Unidos… interveio Rajiv. Então porque que não elegeríamos como cabeça da OTU um empresário muito experimentado, associando ele ou assessorando ele com políticos, militares, juristas que o ajudariam colocar em funcionamento uma política mundial de pesquisa, que protegeria todos os países desta ditadura tecnológica ?
– Não se trata de instalar um ditador tecnológico no poder, insistiu Keiko de sua voz doce, nem de deixar alguém exercer este poder sozinho. É exatamente o contrário ! Trata-se de compartilhar este poder, para evitar que caia nas mãos de um único grupo de influência, que estaria certo de nós dominar a todos… Ao contrário, esta ação vise justamente a instalar contra poderes poderosos, para evitar um ditador tecnológico… Então, mesmo a organização que você menciona poderia achar o seu próprio interesse, se soubesse pegar sua chance, e se reconverter… E em todos os casos, o antigo mundo, este das armas que matam, já está condenado no primeiro momento que um grupo terá finalizado esta tecnologia.
– De que servem as bombas nucleares se uma tecnologia atuando no cérebro impede dar a ordem de atirar ?!!! exclamou-se Maria.
– Quem pode falar com certeza que não tem hoje na China na Coreia, no Japão, na Índia, no Paquistão ou no Irã, no Brasil, na África do Sul, na Rússia, sem falar dos Estados Unidos e da Europa, grupos de pesquisa a ponto de conseguir ? É incontrolável ! Sou a prova viva disto ! exclamou-se Stepanchine.
– É justamente porque tem um novo mundo para construir, um mundo verdadeiramente melhor, um mundo onde poderia-se seriamente sonhar de uma segurança verdadeira, que dominaria a violência de massa, é justamente por isso que nós nos engajamos de todas as nossas forças, retomou Maria Garcia com convicção. E queremos associar todos estes que querem viver sem este medo permanente, provocado pelas matanças: porque é geralmente o medo, justificado ou não, que é fonte da violência…
– Proponho a segurança para vocês, porque as armas matam somente quando os cérebros humanos as usam !”
Boubakar interveio com força. Estava no seu papel, de convicção poderosa. Eles tinham que todos entender os embates, positivos e negativos.
“Proponho a segurança absoluta, esta que matará o mal na raiz, no cérebro. Esta que impedirá o impulso agressivo nos casos de grande violência. E proponho a paz da consciência. A consciência de não matar nenhum ser inocente, mesmo para vós proteger. A consciência de não espalhar o solo da Terra de bilhões de cadáveres de erros judiciários, cuja única culpa seria de ter nascido no lugar errado e na hora errada. Proponho tornar impossíveis o Rwanda ou a Shoah. Proponho tornar materialmente impossíveis os genocídios e os massacres de humanos. Proponho tornar impossíveis o ódio e a violência que nascem destas monstruosas injustiças, levantando as populações contra os autores delas durante gerações. Proponho para vocês, uma longa vida sem remorso e sem medo, que transformará a humanidade, num último sobressalto antes de sua partida para as estrelas…
– Obrigada, Boubakar Diallo, concluiu Nathalie, firme e sorridente, será a palavra final. Nosso tempo de emissão acaba. Obrigada a todos por participar deste debate… Na próxima semana, nossa emissão terá por tema a saúde pública…“
Massimoclara Wiggins, Tran Van Tai Trong Han e Jussikirstin Bjorling tinham ficados silenciosos.
O genérico musical da emissão desenrolou-se. O “Canto da Paz” com a maravilhosa voz de Maria Garcia, encheu os corações da imensa esperança que tinha feito nascer.